No final da década de 1990, a cidade de São Paulo testemunhou um dos crimes mais chocantes e violentos atos de brutalidade em sua história. Em 17 de outubro de 1997, Mateus da Costa Meira, então com apenas 21 anos de idade, disparou tiros dentro de uma sala de cinema lotada no Shopping Morumbi, um popular centro comercial localizado em um bairro nobre da capital paulista.
O atirador do Shopping Morumbi, armado com um revólver calibre 38, disparou impiedosamente contra a plateia desprevenida, causando pânico e deixando um rastro de dor e sofrimento. Quando a fumaça baixou, o saldo trágico revelou três pessoas mortas – Marcos Veloso Araújo, de 28 anos, Marlene Viana dos Santos, de 30 anos, e Alejandro Pardo Rodríguez, um turista chileno de 19 anos. Além disso, outras seis pessoas ficaram feridas, algumas delas gravemente.
Motivações obscuras
As motivações por trás desse ato bárbaro permaneceram um mistério por muito tempo. Inicialmente, Mateus da Costa Meira alegou ter sido vítima de vozes em sua cabeça que o instruíram a cometer o massacre. No entanto, investigações posteriores sugeriram que o atirador poderia ter sido influenciado por filmes violentos e jogos de tiro, além de possíveis problemas psicológicos não diagnosticados.
Independentemente das razões, o incidente chocou profundamente a sociedade brasileira e reacendeu o debate sobre a necessidade de maior controle de armas e medidas de segurança mais rigorosas em locais públicos.
Julgamento e condenação
Após ser preso em flagrante, Mateus da Costa Meira enfrentou um longo e complexo processo judicial. Em 1999, ele foi julgado e considerado culpado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio, recebendo uma pena de 120 anos de reclusão.
Durante o julgamento, a defesa argumentou que o réu sofria de problemas mentais e deveria ser submetido a tratamento psiquiátrico em vez de ser encarcerado. No entanto, a acusação conseguiu convencer o júri de que Meira era plenamente consciente de seus atos e, portanto, deveria ser responsabilizado criminalmente.
Anos atrás das grades
Mateus da Costa Meira cumpriu sua sentença em diferentes unidades prisionais do estado de São Paulo, incluindo a Penitenciária de Presidente Venceslau e o presídio de Iaras. Ao longo desses anos, ele foi submetido a avaliações periódicas por psiquiatras e psicólogos, que monitoraram seu estado mental e comportamento.
Apesar de ter sido considerado um detento modelo por grande parte de sua estadia na prisão, Meira enfrentou alguns incidentes disciplinares, como o envolvimento em uma briga com outro preso em 2009. No entanto, esses episódios não foram suficientes para impedir sua libertação antecipada.
Liberdade controversa
Após cumprir pouco mais de 25 anos de sua pena inicial, Mateus da Costa Meira foi beneficiado pela chamada “progressão de regime”, um mecanismo legal que permite a transferência de presos para regimes mais brandos, como a prisão domiciliar ou a liberdade condicional, após cumprirem parte de suas sentenças.
Em setembro de 2024, aos 48 anos, Meira deixou a prisão e passou a cumprir o restante de sua pena em liberdade condicional, sujeito a uma série de condições e restrições impostas pela Justiça. Essa decisão gerou controvérsia e indignação entre familiares das vítimas e setores da sociedade, que questionaram a aplicação da lei em um caso tão grave.
Reações e protestos
A notícia da libertação de Mateus da Costa Meira desencadeou uma onda de reações e protestos. Familiares das vítimas expressaram sua revolta e dor renovada, argumentando que o atirador não deveria ter sido beneficiado pela progressão de regime, dada a gravidade de seus crimes.
“É uma injustiça terrível. Esse homem tirou a vida de três pessoas inocentes e feriu outras seis. Como podemos aceitar que ele esteja solto após apenas 25 anos?”, perguntou Mariana Araújo, irmã de uma das vítimas fatais.
Grupos de defesa das vítimas e organizações de segurança pública também se manifestaram, criticando o que consideram ser uma aplicação branda da lei e uma falta de rigor no sistema judiciário brasileiro.
Debate sobre justiça e reabilitação
O caso de Mateus da Costa Meira reacendeu o debate sobre a eficácia do sistema prisional brasileiro e sua capacidade de reabilitar criminosos violentos. Enquanto alguns defendem a necessidade de penas mais duras e a manutenção de indivíduos perigosos atrás das grades, outros argumentam que a reabilitação e a reinserção na sociedade devem ser priorizadas, desde que acompanhadas de medidas de segurança adequadas.
“Precisamos encontrar um equilíbrio entre a punição justa e a oportunidade de reabilitação. Não podemos simplesmente descartar essas pessoas e trancá-las para sempre, mas também não podemos negligenciar a segurança da sociedade”, afirmou Renata Silva, especialista em políticas criminais.
Condições de liberdade condicional
Como parte de sua libertação condicional, Mateus da Costa Meira está sujeito a uma série de restrições e obrigações impostas pela Justiça. Ele deve se apresentar regularmente às autoridades, não pode sair do estado de São Paulo sem autorização prévia e está proibido de se aproximar das famílias das vítimas.
Além disso, Meira está obrigado a realizar tratamento psicológico e a se submeter a exames periódicos para avaliar sua estabilidade mental. Qualquer violação dessas condições pode resultar na revogação de sua liberdade condicional e no retorno à prisão.
Reintegração à sociedade
Após décadas atrás das grades, a tarefa de se reintegrar à sociedade não será fácil para Mateus da Costa Meira. Ele enfrentará desafios como encontrar um emprego, reconstruir laços familiares e lidar com o estigma e a desconfiança que certamente o acompanharão.
Organizações de apoio a ex-detentos têm se mobilizado para oferecer assistência e orientação a Meira, auxiliando-o na busca por oportunidades de trabalho e moradia, bem como fornecendo suporte psicológico e social.
“Nossa missão é ajudar essas pessoas a se reintegrarem à sociedade de maneira saudável e produtiva. Acreditamos que todos merecem uma segunda chance, desde que estejam verdadeiramente comprometidos com a mudança”, explicou Márcia Oliveira, diretora de uma dessas organizações.
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Graduanda em Pedagogia pela Faculdade Jardins. Redatora do grupo Sena Online.