O mundo da música brasileira tem muitos ícones, mas poucos alcançaram o status de realeza como Roberto Carlos. Conhecido carinhosamente como “O Rei“, sua carreira abrange décadas de sucessos, momentos marcantes e curiosidades que intrigam fãs de todas as gerações.
A infância e o acidente que mudou tudo
A história de Roberto Carlos é marcada por um evento traumático que ocorreu em sua infância. Nascido em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, o jovem Roberto vivia uma vida comum até os seis anos de idade. Foi em 29 de junho de 1947 que sua vida tomou um rumo inesperado.
Durante as festividades de São Pedro, o pequeno Roberto estava com uma amiga próximo à linha férrea. Em um momento de distração, ele se assustou com o barulho de um trem se aproximando e, infelizmente, caiu sobre os trilhos. O acidente resultou em ferimentos graves, levando à amputação de parte de sua perna direita.
Este acontecimento, embora trágico, não impediu Roberto de seguir seus sonhos. Na verdade, muitos argumentam que essa experiência moldou sua determinação e resiliência, características que se tornaram evidentes em sua carreira musical posterior.
É importante notar que, apesar da gravidade do acidente, Roberto só começou a usar uma prótese aos 14 anos. Durante os anos intermediários, ele aprendeu a se adaptar e superar os desafios físicos, desenvolvendo uma força de caráter que viria a ser fundamental em sua jornada artística.
Os primeiros passos na música
Após o acidente, a música tornou-se um refúgio e uma paixão para Roberto. Desde cedo, ele demonstrou um talento natural para a arte, começando a cantar e tocar violão ainda na adolescência. Sua família, percebendo seu dom, incentivou-o a perseguir a carreira musical.
Roberto começou a se apresentar em festas locais e programas de rádio em sua cidade natal. Seu carisma e voz única logo chamaram a atenção do público e de profissionais da indústria musical. Foi nessa época que ele adotou o nome artístico “Roberto Carlos”, deixando para trás o apelido de infância “Zunga”.
Aos 18 anos, Roberto mudou-se para o Rio de Janeiro, determinado a fazer carreira na capital cultural do país. Lá, ele enfrentou desafios e rejeições, mas sua perseverança o levou a oportunidades cada vez maiores. Ele começou a se apresentar em clubes noturnos e a participar de programas de televisão, ganhando gradualmente reconhecimento no cenário musical carioca.
A trajetória da Jovem Guarda
O grande salto na carreira de Roberto Carlos veio com o movimento da Jovem Guarda, no início dos anos 1960. Junto com Erasmo Carlos e Wanderléa, Roberto tornou-se um dos principais expoentes deste movimento musical que revolucionou a música pop brasileira.
A Jovem Guarda trouxe uma nova energia à cena musical, misturando rock and roll com elementos da cultura brasileira. Roberto Carlos, com seu estilo carismático e letras que falavam diretamente aos jovens, rapidamente se tornou o líder do movimento.
Hits como “Quero que vá tudo pro inferno”, “É proibido fumar” e “Calhambeque” catapultaram Roberto ao estrelato nacional. Seu programa de televisão semanal, também chamado “Jovem Guarda”, tornou-se um fenômeno cultural, influenciando moda, comportamento e linguagem dos jovens brasileiros.
Foi durante este período que Roberto começou a ser chamado de “O Rei”, um título que permaneceria com ele por toda sua carreira. Sua influência ia além da música, estendendo-se à moda e ao estilo de vida da juventude brasileira da época.
A transição para o romantismo
Conforme a década de 1960 chegava ao fim, Roberto Carlos começou a evoluir artisticamente. Ele gradualmente se afastou do som mais roqueiro da Jovem Guarda e começou a explorar baladas românticas e canções mais elaboradas.
Esta transição marcou o início de uma nova fase em sua carreira, que o levaria a se tornar o “Rei do Romantismo”. Canções como “Detalhes”, “Amada Amante” e “Como é grande o meu amor por você” se tornaram clássicos instantâneos, solidificando sua posição como um dos maiores cantores românticos do Brasil.
A mudança não foi apenas musical, mas também de imagem. Roberto adotou um visual mais sofisticado, trocando as roupas coloridas da Jovem Guarda por ternos elegantes. Esta nova persona ressoou com um público mais amplo, incluindo adultos e idosos, expandindo significativamente sua base de fãs.
O fenômeno dos especiais de fim de ano
Um capítulo importante na carreira de Roberto Carlos são seus famosos especiais de fim de ano na televisão. Iniciados na década de 1970, esses programas se tornaram uma tradição na TV brasileira, marcando as celebrações natalinas de milhões de famílias.
O formato do especial geralmente inclui Roberto cantando seus maiores sucessos, além de apresentar novas canções. Frequentemente, o programa conta com participações especiais de outros artistas renomados, criando momentos memoráveis e duetos inesquecíveis.
Estes especiais não são apenas um showcase musical, mas também uma celebração da carreira e da vida de Roberto Carlos. Eles frequentemente incluem segmentos que exploram sua história pessoal, suas inspirações e seu impacto na cultura brasileira.
A longevidade destes especiais é um testemunho da relevância contínua de Roberto Carlos na música brasileira. Mesmo após décadas, eles continuam a atrair grandes audiências, reafirmando o status de Roberto como uma figura querida e respeitada no cenário artístico nacional.
As peculiaridades
Roberto Carlos é conhecido não apenas por sua música, mas também por suas peculiaridades e hábitos únicos. Uma das mais notáveis é seu Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), que se manifesta de várias formas em sua vida cotidiana e profissional.
Uma das manifestações mais conhecidas de seu TOC é sua aversão a certas cores, especialmente marrom e roxo. Esta peculiaridade é tão marcante que é comum ver seus fãs evitando usar essas cores em seus shows, respeitando a preferência do artista.
Além disso, Roberto tem uma relação complicada com números, especialmente o número 13, que ele evita a todo custo. Isso se reflete em vários aspectos de sua vida, desde a numeração de faixas em seus álbuns até a organização de suas turnês.
Outra característica marcante é seu hábito de lavar as mãos com frequência, algo que ele faz como parte de sua rotina diária e antes de suas apresentações. Este ritual é visto por muitos como uma forma de Roberto se preparar mentalmente para suas performances.
Roberto também é conhecido por evitar certas palavras, substituindo-as por eufemismos ou simplesmente omitindo-as de seu vocabulário. Esta prática se estende às suas letras e entrevistas, criando um estilo de comunicação único e facilmente reconhecível.
A fé e a espiritualidade
A espiritualidade desempenha um papel fundamental na vida e na carreira de Roberto Carlos. Embora criado em uma família com diferentes crenças religiosas – sua mãe era católica e seu pai espírita – Roberto encontrou seu próprio caminho espiritual ao longo dos anos.
Curiosamente, apesar de sua forte conexão com a fé católica, Roberto só foi batizado aos 23 anos de idade. Esta decisão tardia foi resultado do acordo entre seus pais de permitir que ele escolhesse sua própria religião quando adulto.
A fé de Roberto Carlos é evidente em muitas de suas canções, que frequentemente abordam temas espirituais e religiosos. Músicas como “Jesus Cristo”, “Nossa Senhora” e “Todos estão surdos” são exemplos claros de como sua espiritualidade influencia sua arte.
Além de sua música, Roberto é conhecido por suas ações filantrópicas, muitas das quais são motivadas por sua fé. Ele frequentemente participa de eventos beneficentes e apoia várias causas sociais, demonstrando como sua espiritualidade se traduz em ações.
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Graduanda em Pedagogia pela Faculdade Jardins. Redatora do grupo Sena Online.