O Egito Antigo continua a fascinar pessoas ao redor do mundo com seus enigmas milenares, deuses intrigantes e monumentos imponentes.
A origem do mundo segundo os egípcios
A cosmogonia egípcia é repleta de narrativas fascinantes sobre o surgimento do universo. Embora existam variações regionais, algumas histórias se destacam pela sua popularidade e influência na cultura do Antigo Egito.
O Mito da Criação de Heliópolis diz que o mundo surgiu do Nun, as águas primordiais do caos, de onde emergiu Atum, o deus criador, que originou os primeiros deuses: Shu (ar), Tefnut (umidade), Geb (terra), Nut (céu), além de Osíris, Ísis, Seth e Néftis. Esta genealogia estabeleceu a estrutura do cosmos para os egípcios. Outra versão, de Hermópolis, fala da criação por oito deuses primordiais, a Ogdóade, que geraram o ovo cósmico do qual nasceu o sol. Em Mênfis, Ptah era considerado o criador supremo, concebendo o mundo através do pensamento e da palavra.
Os principais deuses do panteão egípcio
O panteão egípcio era extenso e intrincado, com uma infinidade de divindades. No entanto, alguns deuses se destacavam por sua importância e popularidade em todo o território do Antigo Egito.
Rá, deus do sol, representava luz e vida, sendo associado ao faraó. Osíris, deus da ressurreição e do submundo, foi assassinado por Seth, mas ressuscitado por Ísis, simbolizando fertilidade. Ísis era a deusa da sabedoria, protetora dos mortos e símbolo de maternidade. Hórus, filho de Ísis e Osíris, era o deus do céu e da realeza, símbolo da ordem e defensor do faraó. Seth, deus do caos, matou Osíris, mas também protegia Rá, representando força e transformação.
A dualidade na cosmovisão egípcia
Um aspecto fundamental da filosofia e religião egípcias era o conceito de dualidade. Esta visão de mundo influenciava todos os aspectos da vida no Antigo Egito.
Os egípcios viam a dualidade como essencial para o equilíbrio cósmico: Maat representava a ordem e a justiça, enquanto Isfet simbolizava o caos. A geografia do Egito também refletia essa dualidade, com o Alto Egito no sul e o Baixo Egito no norte, cada um com deuses e símbolos próprios. Para eles, a morte não era um fim, mas uma transição para a vida após a morte, o que se refletia em suas práticas funerárias e crenças espirituais.
As pirâmides: Maravilhas arquitetônicas e espirituais
As pirâmides do Egito são, sem dúvida, os monumentos mais icônicos desta antiga civilização. Elas representam não apenas um feito arquitetônico impressionante, mas também um profundo significado religioso e cosmológico.
As pirâmides egípcias evoluíram de mastabas (túmulos retangulares) para a pirâmide de degraus de Djoser, até a pirâmide verdadeira da 4ª dinastia. Cada pirâmide fazia parte de um complexo funerário, com o templo do vale, calçada, templo funerário, pirâmides satélites e barcos solares. A construção envolvia o uso de rampas, nivelamento, alavancas e trenós, com equipes especializadas. Espiritualmente, as pirâmides representavam a colina primordial, a escada para o céu do faraó e os raios solares, simbolizando sua ascensão aos deuses e a preservação do corpo para a vida eterna.
O livro dos mortos: Guia para o além
O “Livro dos Mortos” era na verdade uma coleção de feitiços e instruções para ajudar o falecido a navegar pelo além. Este texto sagrado evoluiu ao longo dos séculos e continha informações cruciais para a jornada pós-morte.
O Livro dos Mortos incluía fórmulas mágicas, instruções para passar pelos guardiões do submundo, declarações de inocência e invocações aos deuses. Uma das cenas chave era o julgamento de Osíris, onde o coração do falecido era pesado contra a pena de Maat. Se fosse mais leve, o falecido era considerado justo; se mais pesado, seria devorado por Ammit. O livro evoluiu ao longo do tempo, originando-se dos Textos das Pirâmides e Textos dos Sarcófagos, até se consolidar como um conjunto de feitiços em papiros no Reino Novo.
A escrita hieroglífica: Palavras divinas
Os hieróglifos egípcios eram mais do que um simples sistema de escrita; eram considerados “palavras divinas” com poder mágico e simbólico.
Os egípcios desenvolveram três formas de escrita: hieróglifos, usados em monumentos e textos religiosos; hierático, uma versão cursiva para documentos cotidianos; e demótico, uma forma mais simplificada, popular no período tardio. A decifração dos hieróglifos foi possível graças à Pedra de Roseta, descoberta em 1799, e ao trabalho de Jean-François Champollion, que os decifrou em 1822. Os hieróglifos tinham diversos usos, como comunicação escrita, decoração, expressão religiosa e preservação da história e do conhecimento.
O papel do faraó: Divindade viva
O faraó ocupava uma posição única na sociedade egípcia, sendo considerado não apenas um governante, mas uma encarnação divina.
O faraó possuía títulos como o Nome de Hórus (associado ao deus Hórus), Nome de Nebty (relacionado às deusas protetoras), Nome de Ouro (simbolizando sua eternidade) e a Coroa Dupla (representando a união do Alto e Baixo Egito). Seus símbolos, como o cetro e mangual, refletiam seu poder e fertilidade. Como intermediário entre deuses e homens, o faraó tinha responsabilidades como manter Maat (ordem cósmica), liderar em tempos de guerra, supervisionar grandes construções e atuar como sumo sacerdote. A sucessão ao trono geralmente seguia a linha familiar, com disputas de poder ocorrendo, especialmente em períodos de transição.
Mumificação: Preservando a vida eterna
A mumificação era um processo importante na crença egípcia da vida após a morte. Era uma técnica complexa que evoluiu ao longo dos séculos.
O processo de mumificação incluía a remoção dos órgãos internos (exceto o coração), desidratação do corpo com natrão, preenchimento com materiais aromáticos, enfaixamento com linho e amuletos protetores, e a colocação de máscara funerária e sarcófago. Ao longo do tempo, as técnicas evoluíram: no Reino Antigo eram simples, no Reino Médio houve o aperfeiçoamento, incluindo a remoção do cérebro, e no Reino Novo as técnicas se tornaram mais sofisticadas, com o uso de resinas. A mumificação tinha um significado religioso profundo, preservando o corpo para o retorno da alma, transformando o falecido em Osíris e permitindo que o ka reconhecesse o corpo no além.
A astronomia e o calendário egípcio
Os antigos egípcios eram observadores atentos do céu, e seus conhecimentos astronômicos influenciaram profundamente sua religião e vida cotidiana.
O calendário egípcio era baseado em observações astronômicas, com o ano dividido em 12 meses de 30 dias, mais 5 dias adicionais, e três estações: Inundação, Plantio e Colheita. O Ciclo Sótico de 1460 anos, relacionado ao surgimento de Sírius, também era importante. Muitos deuses egípcios estavam ligados a constelações, como Nut (o céu), Osíris (Órion), Ísis (Sírius) e Hórus (planetas). A astronomia tinha diversas funções práticas e religiosas, como prever as cheias do Nilo, orientar templos, determinar datas festivas e ajudar na navegação noturna.
A medicina no antigo egito
Os egípcios desenvolveram um sistema médico sofisticado que combinava observação empírica com crenças mágico-religiosas.
A medicina egípcia envolvia o uso de ervas medicinais, cirurgias básicas, tratamentos com minerais e produtos animais, além de encantamentos e amuletos para cura. Papiros médicos como o Papiro Edwin Smith (cirurgia), Papiro Ebers (tratamentos) e Papiro Kahun (ginecologia) oferecem detalhes sobre essas práticas. Imhotep, arquiteto e médico, foi deificado como deus da medicina, e Sekhmet, deusa da cura e das pragas, também era associada à saúde.
Quer saber de mais mistérios? Então siga e inscreva-se no nosso canal no YouTube: Curioseando
Graduanda em Pedagogia pela Faculdade Jardins. Redatora do grupo Sena Online.