No final da década de 1990, uma série de crimes chocou o Brasil, especialmente a cidade de São Paulo, onde um assassino em série semeou o terror entre a população. Agora, mais de duas décadas depois, essa história ganha vida nas telas através de uma produção cinematográfica que promete mergulhar os espectadores nos eventos que chocaram o país. O filme “Maníaco do Parque” não apenas recria um dos casos mais infames da história criminal brasileira, mas também provoca reflexões sobre a linha que separa os fatos reais e ficção na narrativa do true crime.
O caso do ”Maníaco do Parque”
O caso que inspirou o filme remonta a 1998, um ano que ficou marcado na memória coletiva dos paulistanos e brasileiros em geral. Francisco de Assis Pereira, um motoboy aparentemente comum, foi revelado como o autor de uma série de ataques brutais contra mulheres no Parque do Estado, uma extensa área verde localizada na zona sul de São Paulo.
As investigações da época apontaram que Pereira abordava suas vítimas oferecendo trabalhos como modelo, ganhando sua confiança antes de levá-las para áreas isoladas do parque. Lá, ele as agredia sexualmente e, em muitos casos, as assassinava. O método de atuação do criminoso e a localização dos crimes lhe renderam o apelido de “Maníaco do Parque”.
Adaptação cinematográfica: Fatos reais e ficção
O filme “Maníaco do Parque”, dirigido por Mauricio Eça, busca recontar essa história sombria para uma nova geração. Com estreia marcada para 18 de outubro no Prime Video, a produção conta com um elenco de destaque do cinema e da televisão brasileira, incluindo Silvero Pereira como o serial killer.
Uma das principais características da adaptação é a introdução de elementos fictícios que se entrelaçam com os fatos históricos. A trama central do filme gira em torno de uma jornalista fictícia, Helena Pellegrino, interpretada por Giovanna Grigio. Esta personagem, criada especificamente para o filme, serve como um ponto de entrada para o público, conduzindo a investigação dos crimes e proporcionando uma perspectiva externa aos eventos.
Além de Helena, o filme apresenta sua irmã Martha, uma psicóloga interpretada por Mel Lisboa. Ambas as personagens são criações dos roteiristas, não tendo contrapartes reais nos eventos históricos. Essa escolha criativa permite que o filme explore ângulos e dinâmicas que vão além do simples relato factual, adicionando camadas de complexidade à narrativa.
Fidelidade histórica vs. Liberdade criativa
A decisão de incluir personagens fictícios em uma história baseada em eventos reais levanta questões sobre o equilíbrio entre fidelidade histórica e liberdade criativa. Por um lado, a introdução desses elementos permite que o filme explore temas e perspectivas que podem não ter sido evidentes no caso real. Por outro, existe o risco de distorcer a percepção do público sobre os eventos históricos.
É importante destacar que o filme não se apresenta como um documentário, mas sim como uma obra de ficção inspirada em eventos reais. Essa abordagem dá aos criadores a liberdade de moldar a narrativa de forma a torná-la mais atraente para o público, ao mesmo tempo em que mantém a essência dos eventos históricos.
A inclusão de personagens fictícios como Helena e Martha permite ao filme abordar temas profundos, como o impacto social dos crimes, a influência da mídia na cobertura sensacionalista e as complexidades psicológicas tanto das investigações quanto da mente do criminoso. Essa narrativa enriquece a história, trazendo à tona questões relevantes sobre como esses eventos afetam a sociedade.
Representação do serial killer
Um dos desafios na adaptação de histórias de true crime é a representação do criminoso. Em “Maníaco do Parque”, Silvero Pereira enfrenta essa tarefa ao interpretar Francisco de Assis Pereira. A escolha de um ator reconhecido para o papel levanta questões sobre como equilibrar a necessidade de uma performance convincente com o cuidado de não exaltar ou humanizar um indivíduo responsável por crimes hediondos.
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Graduanda em Pedagogia pela Faculdade Jardins. Redatora do grupo Sena Online.