Você sabia que hoje, 15 de julho, é o Dia do Homem no Brasil? Se a resposta foi não, você não está sozinho. Muitos desconhecem que o Brasil possui um Dia do Homem próprio, diferente do Dia Internacional do Homem, celebrado em 19 de novembro.

Mas por que uma data dedicada aos homens? A resposta vai muito além de uma simples celebração e toca em questões fundamentais de saúde pública que afetam milhões de brasileiros diariamente.
Os homens morrem mais do que as mulheres na maioria das causas de óbitos e em todas as faixas etárias até 80 anos, e essa realidade alarmante é exatamente o motivo pelo qual precisamos falar sobre o assunto.
Por que 15 de julho se tornou o Dia do Homem no Brasil?
No Brasil, o Dia do Homem foi criado por iniciativa da Ordem Nacional dos Escritores e é celebrado no país desde 1992. A escolha da data teve um início curioso: Segundo Edson Marques a escolha de tal dia foi uma brincadeira com a data de aniversário da mãe de um dos membros presentes a um jantar da Ordem em São Paulo.
A diferença entre o Dia Nacional e o Internacional
É importante esclarecer que existem duas datas distintas:
- 15 de julho: Dia do Homem no Brasil (nacional)
- 19 de novembro: Dia Internacional do Homem
A data foi criada em 1999 em Trinidad e Tobago pelo historiador Dr. Jerome Teelucksingh, professor da Universidade das Índias Ocidentais (UWI), com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). Ambas as datas compartilham objetivos semelhantes, mas a celebração brasileira tem um foco especial na realidade local de saúde masculina.
Os números alarmantes da saúde masculina no Brasil
As estatísticas revelam um cenário preocupante que justifica plenamente a existência de uma data dedicada à conscientização masculina. Para se ter uma ideia da gravidade:
Expectativa de vida menor
No Brasil, essas diferenças, que eram de aproximadamente cinco anos, durante as décadas anteriores a 1980, elevaram-se nas décadas seguintes, sendo que, para 2001, as mulheres tinham maior sobrevida de oito anos. A situação é ainda mais crítica em algumas regiões, como no Rio de Janeiro, onde a diferença chega a impressionantes 12 anos.
Mortalidade por causas evitáveis
Em 2018, esses quatro principais grupos de DCNT foram responsáveis por 55% do total das mortes no Brasil e os homens apresentaram maior risco de morte do que as mulheres em todos esses grupos. O risco é particularmente elevado para:
- Doenças cardiovasculares: 40% a 50% maior risco de morte
- Doenças respiratórias crônicas: significativamente maior entre homens
- Câncer: especialmente o de próstata, segunda maior causa de morte por câncer
Fatores de risco comportamentais
Os dados do Vigitel 2020 mostram que homens que fazem uso prejudicial de álcool, possuem dieta e estilo de vida pouco saudáveis, com pressão alta e/ou alto índice de massa corporal apresentam riscos ainda maiores de desenvolver doenças crônicas.
A resistência cultural: o maior desafio
Especialistas apontam que a resistência cultural ao autocuidado ainda é um dos maiores entraves. Mas o que explica essa resistência?
Construção social da masculinidade e o custo da masculinidade tóxica
A maneira como os homens foram preparados, desde a infância até a vida adulta, para o desempenho da masculinidade – incluindo hábitos, valores e crenças – representa ainda uma barreira cultural importante.
Essa construção social cria:
- Sensação de invulnerabilidade: “homem de verdade não adoece”
- Vergonha em buscar ajuda: visto como sinal de fraqueza
- Negligência com sintomas: “é só uma dorzinha”
- Aversão a exames preventivos: especialmente os mais íntimos
Dados também mostram que homens procuram menos os serviços de saúde, evitam consultas preventivas e demoram mais para iniciar tratamentos. Essa demora pode ser fatal, especialmente em casos de:
- Câncer de próstata (detectável precocemente)
- Diabetes (controlável com tratamento)
- Hipertensão (o “assassino silencioso”)
- Depressão e ansiedade (com altas taxas de suicídio masculino)
O papel do homem no século 21: muito além do provedor
O Dia do Homem vai além da celebração da saúde física, trazendo à tona discussões sobre a função dos homens na sociedade contemporânea.
Homens conscientes desempenham um papel crucial na transformação e construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A relevância do Dia do Homem não está em tentar criar uma espécie de “equilíbrio” com o Dia Internacional da Mulher, como alguns podem acreditar equivocadamente, mas em destacar questões e realidades específicas. No Brasil, a expectativa de vida dos homens é inferior à das mulheres, e eles representam a maioria das vítimas de acidentes fatais, além de terem uma resistência maior em buscar cuidados médicos preventivos.
Como transformar essa realidade: ações práticas
A mudança começa com pequenos passos que podem fazer grande diferença.
Seja exemplo para as próximas gerações
Ensine aos meninos que cuidar de si mesmo é parte fundamental de ser homem. Demonstre que força também significa reconhecer limitações e buscar ajuda.
O futuro da saúde masculina no Brasil
A data de hoje não é apenas simbólica. É um convite urgente para que cada homem brasileiro reflita sobre seus hábitos e faça as mudanças necessárias. Afinal, cuidar da própria saúde não é apenas um ato individual – é uma responsabilidade com aqueles que amamos e que dependem de nós.
No Curioseando, acreditamos que informação de qualidade salva vidas. Por isso, aproveitamos este Dia do Homem para reforçar: sua saúde importa, sua vida tem valor, e nunca é tarde para começar a se cuidar melhor.
Dúvidas Frequentes
O Dia do Homem é comemorado apenas no Brasil?
Não. Existe o Dia do Homem nacional, celebrado em 15 de julho no Brasil desde 1992, e o Dia Internacional do Homem, comemorado em 19 de novembro em diversos países desde 1999. Ambas as datas têm objetivos similares de conscientização sobre saúde masculina.
Por que os homens vivem menos que as mulheres?
Homens apresentam maior risco de morte do que as mulheres em todos os grupos de doenças crônicas, principalmente devido a fatores comportamentais como menor procura por serviços de saúde, hábitos menos saudáveis e maior exposição a situações de risco.
Qual a idade recomendada para começar o exame de próstata?
O exame de próstata é recomendado a partir dos 50 anos para a população geral, ou aos 45 anos para homens com histórico familiar de câncer de próstata ou homens negros, que apresentam maior risco da doença.
Como posso convencer um homem a cuidar mais da saúde?
Evite confrontos diretos. Use exemplos positivos, ofereça-se para acompanhá-lo nas consultas, destaque os benefícios (mais disposição, melhor desempenho) e lembre-o das pessoas que dependem dele.
Quais são os principais exames preventivos para homens?
Os principais incluem: hemograma completo, glicemia, colesterol, triglicerídeos, função renal e hepática, PSA (próstata), eletrocardiograma e, dependendo da idade e histórico, colonoscopia e outros exames específicos.
A saúde mental masculina é realmente mais negligenciada?
Sim. Altas taxas de suicídio na faixa etária entre 20 e 59 anos demonstram que homens têm maior dificuldade em buscar ajuda psicológica, o que agrava quadros de depressão e ansiedade.
O que é o Novembro Azul?
O Novembro Azul é uma campanha internacional de conscientização sobre o câncer de próstata e saúde masculina, realizada durante todo o mês de novembro. No Brasil, complementa as ações iniciadas no Dia do Homem em julho.
Como as empresas podem ajudar na saúde masculina?
Empresas podem promover palestras, disponibilizar exames no local de trabalho, flexibilizar horários para consultas médicas, criar grupos de apoio e combater o preconceito contra homens que cuidam da saúde.

